A vida é recheada de encontros únicos e irrepetíveis, cada disciplina que temos a oportunidade de ministrar ou de ser aluno, enseja muitas oportunidades e aprendizados. A disciplina de Prática de Ensino em Administração no período 2021.2 no PPGA da UFPB, fortaleceu ainda mais essa certeza. Foi um semestre com desafios e momentos de muito aprendizado. Antes de continuar é bom falar qual era o meu estado antes da disciplina, e como sou agora, após incorporar diversos recursos ao meu repertório docente.
Por isso, jovenzinhos, resolvi pensar como foi essa etapa importante do meu curso de doutorado, fazendo uma analogia com a Jornada do Herói.
1 – Mundo Comum
Até julho de 2021, eu era um professor com experiência em ensino médio, EJA, cursos técnicos e ensino superior na área de computação e jogos digitais. Minha atuação em sala de aula foi construída ao longo de quase 20 anos sujando as mãos de giz, e foi bastante contaminada, positiva e negativamente, pelos professores os quais eu me espelhei.
Assim, minha concepção sobre o que é ser professor mudou muito com o passar do tempo. Já associei a prática a uma espécie de sacerdócio, uma missão, já supus que ser um depósito de conhecimento que se transfere para outro depósito mais vazio como acontece em algumas leis da Física. Abandonando de certa forma essas posições, passei a pensar que docente é aquele que fornece os links, a base para que o aluno consiga construir seu próprio aprendizado. Foi com essa concepção que iniciei o semestre letivo.
2 – Chamado para a aventura
Outro desafio para alguém que está há tanto tempo em sala de aula, é conseguir se colocar na posição de aluno. Há alguns anos, eu tento assumir essa postura, que passa por algumas atitudes que para mim fazem sentido como, me calar, ouvir mais e falar de forma pontual. Para que, a pessoa que está conduzindo a disciplina, possa realizar a transformação que ela planejou.
Quando vi a oferta da disciplina, senti-me impelido a me matricular. Sempre quis me aprofundar nas dinâmicas que podem fazer da sala de aula um ambiente mais interessante.
3 – Recusa do chamado
Então, sugeri cursar a disciplina ao meu orientador, que de pronto achou muito importante, entretanto havia outras que estavam mais alinhadas ao meu tema de pesquisa. Também titubeei pelo fato de que, em outra oportunidade, eu poderia cursar esta disciplina na modalidade presencial, e eu achei que poderia aproveitar mais. Outro entrave diz respeito a minha rotina pessoal, que me obrigava a entrar 15 minutos atrasado e sair 30 minutos antes de concluir a aula. Porém, aquela velha necessidade de mudar o meu gameplay falou mais alto, e eu decidi me matricular em Práticas de Ensino em Administração.
4 – A mentora
Logo no primeiro encontro, conheci a professora Ana Lúcia Coelho, que me causou uma ótima impressão, pois conduziu a aula incentivando muito a participação de todos. Desta forma, as aulas foram muito vivas, com ideias o tempo todo colidindo e sendo transformadas em vários momentos eureca.
Esses momentos aconteciam nas intervenções dos colegas e da professora. Sendo possível aprender tanto com aqueles mais experientes, quanto com outros que ainda não tiveram nenhuma ou pouquíssima experiência docente.
5 – A primeira travessia
Agora já estava dentro da Matrix, o ambiente das aulas meramente expositivas ficou para trás. Neste novo lugar, abundaram estratégias digitais como padlets, podcasts, mapas conceituais, vídeo aulas, enquetes, nuvem de ideias e é claro, uma estratégia que espero conseguir implementar, que são as memórias de aula. Se a sala de aula já era um grande desafio, agora em uma realidade de ensino a distância isso se potencializou. Felizmente, nas aulas da disciplina nós pudemos falar sobre estratégias para contornar esses problemas. Cada reunião de grupo fazia nascer ideias, umas boas outras nem tanto, mas que eram debatidas sempre com muito respeito e camaradagem.
6 – Testes Aliados Inimigos
O apoio dos colegas foi muito importante em todos os encontros. Devido a minha rotina já mencionada, precisava da compreensão dos colegas e da professora devido às ausências momentâneas. Felizmente, sempre conseguimos negociar bem os horários de apresentação de trabalhos.
7 – Aproximação da caverna Oculta
Para mim, o momento mais esperado da disciplina foram as apresentações das metodologias ativas de ensino. Esses encontros foram muito ricos, pois eu estava ávido por aprender como aplicar cada uma daquelas estratégias em minhas aulas futuras. A turma foi dividida em duplas as quais deveriam apresentar as seguintes estratégias, para as quais pretendo criar textos em breve:
Brainstorming
Juri Simulado
Painel de notícias
Casos para ensino
Produção de História em Quadrinhos
Workshop
Estudo de Caso
Aprendizagem baseada em problemas (PBL)
Jogos Criativos
Mapa Conceitual
Música
Filme
Podcast
Instrução entre pares
Stop Motion
Ironicamente, no sorteio, eu e minha dupla ficamos na incumbência de apresentar a última estratégia STOP MOTION. Irônico porque é um estilo de animação que gosto muito, mas fiz muito pouco antes. Além disso, ficar por último em uma turma de pessoas mega talentosas é muito perigoso. A cada apresentação o sarrafo era colocado em uma posição mais alta, então, era nossa missão terminar esta parte da disciplina de forma, no mínimo, honrosa.
Penso que se tivéssemos menos estratégias apresentadas por dia, nós poderíamos aproveitar mais cada uma delas. Como cada grupo ficou com apenas uma hora para cada explanação e demonstração, ficou uma sensação de que poderia ter mais tempo para essa dinâmica de seminários. Essa é uma sugestão minha para outra edição dessa disciplina.
8 – Provação suprema
Foram vários dias de interação constante com meu parêa, Thiago Nascimento. Fizemos buscas por bibliografia, escrevemos roteiro e preparamos o tão esperado vídeo. O resultado é esse aqui embaixo.
9 – Recompensa
Após terminado o grande desafio, consegui tirar diversos ensinamentos. O primeiro é que nunca um trabalho vai ficar 100% aos olhos daquele que faz, isso dá margem para aprimoramentos. Segundo, apesar de ser um trabalho árduo gravar uma animação em stop motion, faz com que os produtores fiquem imersos no conteúdo do vídeo e façam diversas reflexões para ajustar texto, roteiro e para apresentar o tema de modo que todos consigam entender. Além do que, é bom demais ver a recepção das pessoas a um conteúdo produzido por você.
10 – O caminho de volta
Vencido o desafio, este é o momento de voltar ao mundo comum, o Pablo professor não é mais aquele do início da jornada. Na bagagem já tem várias outras ferramentas e itens mágicos que podem ser usados.
A luta agora é contra as estruturas e as velhas práticas que inibiam a construção de uma sala de aula mais vibrante. E todos esses aspectos estão personificados no velho professor. Não no antigo, aquele que tem vários ensinamentos que trazia a informação da melhor forma que ele sabia, mas o velho mesmo, aquele que não tem mais lugar, o que mede o aluno pelo gabarito da prova, ou pelo comportamento.
11 – Ressurreição
Apesar de toda a aparente violência que a cena sugere, é importante que ambos os professores, o velho e o novo Pablo sejam feridos mortalmente. Com uma diferença, que o novo ressuscite, que possa ressurgir mais forte. Foi bem esse o sentimento que me veio a mente ao refletir sobre esse momento de embate dos dois mundos.
12 – Retorno com o elixir
O Rapper Emicida tem uma frase que diz “Então cerra os punho sorria E jamais volte pra sua quebrada de mão e mente vazias”. Na bagagem dessa jornada, eu voltei com muita coisa boa, várias estratégias, modos de pensar, ferramentas e o melhor, vários companheiros e companheiras de jornada, os quais fizeram tudo parecer mais suave.
13 – O novo professor
Felizes serão os alunos que tiverem como professores os discentes que cursaram a disciplina de Práticas de Ensino em Administração no período 2021.2. Pois, as salas de aula serão mais vibrantes quando tiverem que ser, mais reflexivas quando isso for exigido, e mais agregadoras de modo geral.
E como a jornada nunca termina, vamos atrás de mais desafios!